Notícias


Museu da Comunicação Hipólito José da Costa prepara digitalização do Pasquim Sul

O MuseCom tem exemplares de 12 edições do Pasquim Sul
23/03/2021 Ascom CCMQ / Edição: Secom - Foto: Welington Silva

A Secretaria da Cultura (Sedac) está firmando um termo de cooperação com o produtor cultural paulista Fernando Coelho dos Santos para agregar à coleção digital do Pasquim, mantida pela Biblioteca Nacional, edições raras do suplemento Pasquim Sul, que integram o acervo do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom).

A história da publicação remonta a 1968, quando foi assinado o famigerado Ato Institucional N° 5 (AI-5), que definiu o momento mais duro da ditadura militar (1964-1985), dando poder aos governadores para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados. Seis meses e 13 dias após a edição do AI-5, o Brasil vivia o período de maior rigidez da ditadura e, em 26 de junho de 1969, circulava a primeira edição do semanário Pasquim, marco de resistência da imprensa livre no país. A última edição saiu em janeiro de 1991, e o cinquentenário de lançamento foi celebrado em 2019.

Ainda em 2019, a mostra Pasquim 50 Anos, com curadoria de Zélio Alves Pinto e Fernando Coelho dos Santos, percorreu espaços culturais do país. Na mesma ocasião, aconteceu o lançamento da página do jornal na plataforma digital da Biblioteca Nacional, onde estão disponíveis todas as edições do periódico.

O MuseCom, que é vinculado à Sedac, tem exemplares de 12 edições do Pasquim Sul que, somadas a outras, completam a coleção das 60 produzidas no Rio Grande do Sul. “Esses exemplares, juntamente com as 56 edições do Pasquim São Paulo, outra franquia do jornal carioca, irão completar a coleção digitalizada pela Biblioteca Nacional, que já conta com as 1.072 edições do semanário carioca”, explica o diretor do MuseCom, Welington Silva.

A expectativa é de que o processo de digitalização dos exemplares raros do Pasquim Sul se concretize em março. Os custos do projeto serão partilhados entre o proponente, Fernando Coelho dos Santos, e a Sedac, por meio da Associação dos Amigos do MuseCom.

“Em contrapartida à participação no projeto, o MuseCom vai receber as matrizes digitais de todo o Pasquim Sul e em torno de 15 exemplares do semanário, que não possuímos em nosso acervo. A coleção ampliada ganhará acesso no formato digital, o que qualificará o processo de preservação do material e reduzirá o manuseio do acervo no âmbito da pesquisa”, explica o diretor do museu.

O Pasquim

Em plena ditadura militar, o projeto do cartunista Jaguar e dos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral virou sensação na imprensa brasileira. Tendo o humor como marca da linha editorial, o Pasquim se notabilizou também por reportagens culturais e artigos comportamentais, até então tabu para a mídia convencional da época. Ao longo das 1.072 edições, o semanário desfilou longas e antológicas entrevistas com personalidades, conduzidas em ambientes nem sempre convencionais pelo grupo que se autodenominava "a patota".

As reuniões de pauta do Pasquim tinham a presença de jornalistas, cartunistas e intelectuais como Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Chico Buarque, Ivan Lessa, Paulo Francis, Vinícius de Moraes, Glauber Rocha, Odete Lara, Henfil e Cacá Diegues, entre outros, que faziam valer o lema "Pasquim, um jornal a favor do contra".

MAIS NOTÍCIAS