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Infecções Sexualmente Transmissíveis apresentam crescimento entre pessoas mais velhas

Dados demonstram que o envelhecimento saudável aumenta a qualidade de vida daqueles que estão na terceira idade, fazendo com que, cada vez mais, tenham também uma rotina sexual ativa
15/01/2022 EXCOM – Foto: Envato / Divulgação

ISTs, você sabe o que significa essa sigla? As Infecções Sexualmente Transmissíveis têm deixado de ser uma preocupação apenas da população jovem, pois está afetando também os idosos.

As ISTs, são causadas por bactérias, vírus ou outros microrganismos e transmitidas por meio de relação sexual sem uso de preservativos femininos ou masculinos. A sigla substitui a usada anteriormente, conhecidas como DST´s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), uma vez que uma pessoa pode estar contaminada sem apresentar sintomas e, por isso, a nova terminologia foi adotada.

As mais conhecidas são: Cancro Mole, Aids, Gonorreia e infecção por Clamídia, Herpes Genital, Linfogranuloma Venéreo, entre outras. Em sua grande maioria, o tratamento precoce previne complicações que podem causar câncer ou levar à morte.

A preocupação é ainda maior quando verificado o rápido envelhecimento da população mundial. Estudos apontam que em 40 anos, 22% da população tenha ao menos 60 anos de idade, saltando de 800 milhões para 2 bilhões de pessoas idosas em todo o mundo.

Esse fenômeno ocorre também no Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que em 2060, o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará de 9,2% para 25,5%, ainda em 2039, haverá mais idosos do que crianças de até 14 anos no território nacional.

O envelhecimento populacional se deve a diversos fatores, entre eles o principal é a melhoria na qualidade de vida que promove a longevidade. Com uma população mais velha e mais ativa, outros pontos causam preocupação, entre eles, a saúde e mercado de trabalho.

Quando se fala em saúde, vários aspectos precisam ser levados em conta e um que está chamando a atenção dos médicos, é o crescimento de casos de ISTs em idosos. Vale lembrar, que manter uma vida sexual ativa, é também uma forma de manter a saúde, como explicou a geriatra credenciada da Paraná Clínicas, Dra. Cerlei Franzoi (CRM-33656/ RQE-25856).

“Alguns estudos demonstram que a frequência de atividade sexual diminui com a idade. No entanto, a capacidade de ter prazer sexual permanece entre homens e mulheres.  Infelizmente, muitas pessoas consideram o envelhecimento como sinônimo de deterioração e doença, atribuindo ainda a essa etapa da vida um estereótipo de assexualidade, desprovido de desejo. Mas manter uma vida sexualmente ativa contribui em vários aspectos da saúde, como a sensação de bem estar, por exemplo”, afirmou.

Tema ainda é tabu

O assunto ainda é visto como tabu tanto pelos idosos como por seus familiares, em especial os filhos. A psicóloga credenciada da Paraná Clínicas, empresa do grupo SulAmérica, Ivana Coimbra (CRP/PR- 0804554), destaca que é preciso respeitar o espaço dos pais, mas existem formas de tocar no assunto sem quebrar a sua intimidade.

“Antes de tudo é preciso avaliar o grau de conhecimento do idoso sobre os métodos de prevenção e o quanto ele está aberto a ouvir sobre o tema e isso pode estar diretamente ligado a questões sociais de escolaridade, convivência social e outros. Não havendo abertura, os filhos devem conversar com o médico que realiza o atendimento dos pais e solicitar a ele uma conversa com o paciente para que assim, haja a conscientização sem constrangimentos”, alertou a médica.

Há pouco tempo as campanhas de conscientização começaram a abordar o tema e trazer pessoas mais velhas para protagonizar as ações e demonstrar como o tema é sensível para esta faixa etária.

Para a psicóloga, manter uma vida sexualmente ativa, de forma segura, é também um jeito de garantir a longevidade e saúde mental. “O processo de envelhecimento é natural e precisa ser enfrentado desta maneira. O aumento das ISTs em idosos, é também um reflexo de alguns fatores sociais como o crescimento  da qualidade de vida, a diversidade de parceiros sexuais, entre outros. Esse reflexo é uma demonstração nítida que as pessoas mais velhas estão, sim, mais ativas e essas interações contribuem para manter a mente e corpo saudáveis”, destacou.

Já para doutora Cirlei, manter o tema como tabu, contribui de sobremaneira para que as pessoas não busquem informações suficientes e isso pode refletir em uma procura de auxilio de forma tardia. “A sexualidade depende da interação de inúmeros fatores biológicos, culturais, sociais e psicológicos, independente da faixa etária. Ela está presente durante toda a vida, de acordo com as peculiaridades de cada pessoa. Como a população idosa se apresenta mais saudável e longeva deve-se reconhecer a importância da sexualidade como componente valioso na qualidade de vida dos idosos.  Ademais, ao revisarmos a literatura constatamos que a maioria dos estudos trata de questões fisiológicas, de disfunções no funcionamento sexual, não abordando a sexualidade no contexto psicológico, como parte importante da satisfação e qualidade de vida do idoso.   Dessa forma, no meu entendimento, o tabu em relação à sexualidade do idoso se deve por desconhecimento em muitos aspectos das particularidades da terceira idade e isso pode acometer em busca de ajuda de forma tardia, agravando os problemas causados pelas ISTs”, ressaltou.

Cresce casos de HIV entre idosos

Outro tema sensível entre a população mais velha, é o HIV. A doença ainda é vista com olhar preconceituoso por uma parcela da população.

O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, apontou crescimento no número de idosos infectados pelo vírus a cada ano. Entre 2007 e 2017, por exemplo, o aumento foi de 657%;  168 novos casos foram diagnosticados entre pessoas com mais de 60 anos de idade em 2007, já em 2018, 11 anos depois, foram mais 627. “A incidência da soropositividade entre idosos chega a 2,1%, mas quando o diagnóstico é positivo, geralmente essa população pode desenvolver quadros depressivos e de ansiedade e os tratamentos psicológicos são fundamentais para a aceitação ao tratamento e a qualidade de vida dentro do esperado”, finalizou a especialista.

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