As sete empresas gaúchas de calçados que participaram do estande coletivo do Estado na 96ª edição Micam Milano, em Milão, na Itália, fecharam cerca de R$ 3,9 milhões em negócios com onze países. Desse total, R$ 975 mil foram de vendas efetivadas no ato e R$ 3 milhões em pedidos em carteira – isto é, com solicitação antecipada de produtos. A Micam Milano é a maior feira do setor do mundo e ocorreu entre 17 e 20 de setembro.

O levantamento foi fechado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec) nesta segunda-feira (16/10). França, Líbano, Japão, Itália, Espanha, Portugal, Nigéria, Japão, Grécia, Coreia e Guatemala comercializaram com as calçadistas gaúchas durante a feira, que reuniu 1,2 mil indústrias de todo o mundo.  

O grupo estava no estande coletivo do Rio Grande do Sul, viabilizado pelo governo do Estado, via Sedec, no âmbito do programa de Apoio à Participação de Empresas Gaúchas em Feiras Internacionais. Além das empresas selecionadas para expor no espaço coletivo do governo, mais 30 indústrias do setor empresarial coureiro-calçadista estiveram na Micam Milano. Elas foram acompanhadas pelo diretor do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Assuntos Internacionais (DPCI), Evaldo da Silva Júnior, que representou a secretaria e conduziu uma agenda de reuniões com empresários estrangeiros, bancos e fundos de investimentos.  

Durante a Micam Milano, a comitiva gaúcha acompanhou as novidades do setor e também visitou a 102ª edição da Lineapelle Milan, importante evento de componentes para calçados. Neste ano, a feira apresentou tendências para toda a cadeia de fornecimento de moda, luxo e design, tendo reunido mais de 1,3 mil expositores e mais de 20 mil visitantes.

Destaque no setor

Silva Júnior coordenou as visitas técnicas, uma vez que o titular da pasta, Ernani Polo, ficou no Estado em razão dos compromissos e das ações para apoiar os municípios afetados pelas enchentes que atingiram o Vale do Taquari. Para o diretor, a participação gaúcha na Micam Milano demonstra a força do setor.

“O Rio Grande do Sul é um polo coureiro-calçadista muito importante. Temos experiência na produção, concentrando em torno de 60% das indústrias de componentes e 80% das de máquinas para calçados. Além disso, o Estado se destaca na área de design e inovação no setor”, ressalta Silva Júnior.

Polo destaca medidas anunciadas pelo Estado, que reduziu de 4% para 3% a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do setor calçadista, uma antiga demanda das lideranças do ramo no Estado. Com a redução, a Receita Estadual vai deixar de arrecadar cerca de R$ 60 milhões, mas o governo espera compensar a perda com geração de empregos e investimentos na área. A medida passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2024.

“A iniciativa vai gerar mais competitividade. Empresas que estão planejando os anos de 2024 e 2025 vão vir para o Rio Grande do Sul ao saber dessa condição. Já há sinalizações nesse sentido, e esperamos que isso ocorra em breve”, enfatiza Polo.

Agenda e visitas técnicas

A agenda italiana da comitiva também contou com visitas técnicas. O grupo esteve na Accademia Di Costumes E Moda, instituição de ensino referência em moda e design, onde conheceu o funcionamento do espaço. Ainda na área da educação, visitou a Arsutoria, escola que oferece cursos de criação e arte para atender a toda a cadeia produtiva calçadista e que possui um moderno laboratório de tecnologia para o setor.

A comitiva também esteve na associação de produtores de vinho Franciacorta, que conta com 202 associados, sendo 102 vinícolas com denominação de origem – ou seja, do país de procedência. Durante a passagem pelo local, a comitiva conversou sobre questões de mercado, incluindo o acordo do Mercado Comum do Sul (Mercosul) – formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – com a União Europeia, que pode facilitar as exportações do Estado para a Europa.  

Ainda em Milão, a comitiva reuniu-se com representantes da companhia de aviação italiana ITA Airways. Durante o encontro, foi apresentada a potencialidade econômica e turística do RS e a importância de a empresa estabelecer um voo direto da Itália para Porto Alegre. O grupo ainda fez visitas à Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira e ao Consulado Geral do Brasil em Milão.  

Bancos em Portugal

A segunda etapa da viagem foi em Portugal. A comitiva esteve com a diretoria do banco BNI Europa, parceiro e sócio do banco Master do Brasil. Atualmente, existem recursos de um fundo da União Europeia, em torno de 45 bilhões de euros, para investimento em três setores: transição energética, transição digital e resiliência. O debate girou em torno dessa janela de oportunidades para empresas gaúchas interessadas em internacionalização e atração de investimento estrangeiro.  

Outra agenda foi a reunião com o Ministério da Agricultura e Alimentos de Portugal, quando a comitiva foi recebida pelo secretário de Estado da Agricultura e Alimentos do país europeu, Gonçalo Rodrigues. Meios de aprofundar as relações comerciais entre os dois países foram discutidos, e a cooperação entre brasileiros e portugueses na área da agricultura foi destacada como fundamental para garantir a segurança alimentar mundial.

Também foram feitas visitas à embaixada do Brasil em Portugal e à Associação de Energias Renováveis (Apren). A comitiva participou ainda do evento Entrepreneurship Awards 2023, que premiou empreendedores portugueses.

RS é o maior exportador do Brasil

Segundo levantamento do ano passado da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), durante o triênio 2020-2022, o Rio Grande do Sul destacou-se como o segundo maior produtor de pares de calçados no país, com uma média de participação de 21,7% na produção nacional. Somente em 2022 foram produzidos 192,1 milhões de pares no Estado.

O levantamento aponta ainda o RS como o maior exportador do Brasil. No ano passado, 42,8 milhões de pares foram enviados para o exterior, com receita de US$ 616,4 milhões. Nas exportações, o Estado contribuiu com 47% do valor total exportado e 30% do número de pares. A participação do calçado no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria gaúcha é de 6%.

Atualmente, o Estado abriga 34,5% de todas as empresas calçadistas do Brasil, contando com 1,5 mil fabricantes registrados. O setor emprega 87 mil pessoas – o equivalente a 29,1% do total nacional. 

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