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Telas do Instituto de Educação Flores da Cunha começam a ser restauradas

"A chegada dos açorianos", de Augusto Luiz de Freitas, é uma das telas que passam por um cuidadoso trabalho
15/11/2023 Ascom SOP | Edição: Felipe Borges/Secom - Foto: Gustavo Mansur/Secom - Foto: Gustavo Mansur/Secom

Três obras centenárias que retratam momentos históricos do Rio Grande do Sul passarão por processo de restauração nos próximos meses. Presentes no Instituto de Educação General Flores da Cunha, as telas dos artistas Augusto Luiz de Freitas e Lucílio de Albuquerque foram encomendadas originalmente por Antônio Augusto Borges de Medeiros para adornar o Palácio Piratini, e foram tombadas em nível estadual em 2011.

A mais antiga das obras, realizada pelo piauiense Lucílio de Albuquerque em 1916, é intitulada Garibaldi e a Esquadra Farroupilha ou Expedição a Laguna, de 5,45 m x 3,42 m, e representa o transporte do barco da esquadra comandada por Giuseppe Garibaldi, da Lagoa dos Patos até o Oceano Atlântico, rumo a Santa Catarina. Já as telas do gaúcho Augusto Luiz de Freitas foram produzidas quando o artista residia em Roma e entregues para o Estado em 1926. Em A chegada dos açorianos, de 6,3 m x 5,5 m, Freitas representou os primeiros povos de origem açoriana a aportar no Estado; já em Combate da Ponte da Azenha, de 5,46 m x 3,76 m, é retratado o combate que deu início à Revolução Farroupilha, em 1835.

Borges de Medeiros era presidente do Estado quando fez as encomendas. Em 1935, durante a realização da Exposição do Centenário Farroupilha, as pinturas foram levadas do Palácio Piratini para o pavilhão cultural do evento – atualmente o Instituto de Educação General Flores da Cunha – e ali permaneceram expostas, no saguão da instituição.

Ao longo dos anos, as obras sofreram as ações de intempéries, principalmente durante uma reforma do telhado, em 1969, que as deixaram expostas a fenômenos naturais, causando uma grande deterioração. Em 2005, as telas tiveram a restauração viabilizada pela Associação de Ex-alunos do Instituto de Educação. O processo foi coordenado pela restauradora gaúcha Leila Sudbrack.

Nesta semana, outro processo de restauração foi iniciado nas telas do saguão do instituto. Os trabalhos estão sendo realizados pela empresa Floresta Arte, Conservação e Restauro, da restauradora Maria Cristina Ferrony, com o acompanhamento de Leila e das profissionais de restauração Vívian Lockmann, Thais Helena Ferrony e Cristina Prado Penteado. A ação foi possibilitada pela destinação de R$ 536 mil em recursos do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Sedac).

A titular da Sedac, Beatriz Araujo, destaca a relevância que as obras possuem para a sociedade e a cultura gaúcha. "O início do processo de restauração é mais um marco no conjunto de ações de preservação e valorização do patrimônio cultural efetuados pelo governo estadual", pontua. "Essas obras de arte, que representam três dos maiores quadros a óleo existentes no acervo do Rio Grande do Sul, estavam sob risco de deterioração e perda de elementos importantes de sua composição. A sua futura devolução à população, devidamente recuperados, é mais uma vitória e representa a valorização que esta gestão dá ao segmento artístico e cultural."

A previsão é que os trabalhos se estendam por oito meses, durante os quais serão realizadas fases meticulosas para a recuperação das telas. Inicialmente, os profissionais fazem uma análise cuidadosa para avaliar o estado de conservação da obra, identificando os danos. Na sequência, é realizada uma limpeza prévia para remover as impurezas acumuladas.

Apenas após concluída a limpeza, os restauradores devem então começar a restauração propriamente dita, iniciando pela recuperação do forro e dos bastidores. Somente na fase final serão feitos os procedimentos necessários na camada pictórica. Ao fim, as obras serão protegidas com um verniz especial para preservação. Ao longo de todo o processo de restauro será produzida uma documentação para referências futuras.

Reta final de obras

Com 85% do cronograma físico concluído, as obras no Instituto de Educação General Flores da Cunha entram na reta final. A perspectiva é de que os alunos iniciem o ano letivo de 2024 tendo aulas no prédio histórico. Já foram investidos cerca de R$ 15,9 milhões nas obras, que estão a cargo da empresa Concrejato.

Nesta etapa, estão em andamento serviços externos como concretagem e drenagem no pátio e construção das passarelas que ligam os três blocos, além do paisagismo. Serão instalados elevador e rampas de acessibilidade e executados acabamentos. A cisterna de reuso da água, que será utilizada na limpeza do pátio, por exemplo, está em fase de conclusão.  

O restauro de pisos do auditório, a instalação de esquadrias e a finalização de fachadas são exemplos de outras atividades executadas. As cadeiras do auditório foram restauradas, assim como móveis e cadeiras antigas, que ficam em uma sala destinada a reparos de mobiliários. Lá estão relíquias como imponentes cadeiras e uma estante que exibia troféus. O trabalho é executado por profissionais especializados da Concrejato, que já atuaram em obras como a revitalização do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

A titular da Secretaria de Obras Públicas (SOP), Izabel Matte, ressalta que o processo de restauro de um prédio histórico é diferenciado e que cada etapa da obra é fiscalizada pela SOP. “O instituto é um patrimônio de Porto Alegre e do Estado e requer muito cuidado. O trabalho está sendo muito bem executado, e os avanços nos permitem ver a grandiosidade do processo de restauração”, afirma.

Com a escola restaurada, serão 17 salas de aula no prédio principal e sete na Educação Infantil, além de dois refeitórios (um para a Educação Básica e outro para a Infantil). A estrutura conta ainda com o ginásio de esportes restaurado, três novas quadras abertas e três laboratórios – chegando a 8,5 mil m2 de área construída.

Para o retorno das aulas, também está em tratativa a aquisição de mobiliários e equipamentos por parte da Secretaria da Educação (Seduc). Os móveis antigos, como as cadeiras do auditório, precisaram de restauração e estão em fase final de trabalho.

A secretária da Educação, Raquel Teixeira, aponta a importância da finalização das obras. “Além do compromisso histórico, o governo do Estado tem a missão de tornar o instituto um local de referência para as futuras gerações. Essa transição, mantendo o prédio histórico e se abrindo para as necessidades dos estudantes do século 21, apresenta a renovação e a revitalização de um espaço simbólico para a comunidade escolar”, explica.

Dos cerca de 12 mil m2 de área total, serão destinados 2 mil m2 para o Museu da Escola do Amanhã. Outros 2 mil m2 serão divididos entre o Centro de Formação e o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias (Cegemtec). O restante do prédio seguirá recebendo alunos. As obras da área reservada ao museu estão previstas para uma segunda etapa, a partir do ano que vem.

Sobre a instituição

O Instituto de Educação General Flores da Cunha tem 1.005 alunos matriculados, sendo 34 na Educação Infantil, 556 no Ensino Fundamental, 371 no Ensino Médio e 44 na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Os estudantes poderão retornar aos estudos no local após a conclusão das obras.

Patrimônio cultural do Rio Grande do Sul, o Instituto de Educação é a mais antiga escola de formação de professores do Estado, fundada em 1869. Localizado no Bairro Bom Fim, foi tombado em 2006 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae).


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